enquanto eu não volto...

abandono o meu corpo devagar lamentando cada milésimo de segundo... alguém cuidará dele enquanto eu não volto?

domingo, julho 31, 2005

Pescada



Lançaste as redes ao mar e agradeceste-lhe por te ter emprestado a minha vida e por tudo prometeste devolver-me quando eu ficasse com falta de ar.

...expressões trocadas


...fugir com o rabo à fogueira (seringa! devo ser piromaniaca e não sei!)
foto de Maria José Dias em Olhares.com

Obrigada Marta! (salvação parte II ou o 11 de Setembro de 2004)

Pára… não telefones! Como é que eu posso estar a entrar voluntariamente na boca do lobo e ainda ostentar um sorriso nos lábios? – “… então encontramo-nos lá daqui a uma hora. Eu vou já andando porque estou com as minhas cadelitas e vamos a pé…” Assim não corro o risco de me entusiasmar. Levo as cadelas e depois tenho as de vir trazer a casa e tenho tempo de pensar o que é que quero. Não acredito que ele esteja disposto a trazer-nos a casa no Mercedes CLK ou SLK ou qualquer coisa, acho eu, não interessa… é um descapotável de 4 lugares que ele usa para engatar a loirinhas bonitinhas, queridas e ingénuas.

Bolas, mas também ainda é cedo de mais, se me ponho já a caminho vou ter de ficar imenso tempo há espera. Vou dar uma voltinha por aqui. Vou telefonar à Maria, ela deve estar a sair com os canitos dela. E assim vou montando a minha própria armadilha… palavra puxa palavra e o tempo passa e pronto… lá vou eu de carro para o Tamariz , afinal as cadelas também já passearam bastante e elas não gostam de barulho e confusão.

- “… onde é que estás?”
- “Ainda estou em casa… estou aí em 10 minutos.” Não acredito! Já passa da meia noite! Mas o que é que eu estou aqui a fazer? Bem… vou dar mais uma voltinha a pé para não ficar aqui especada à espera dele. Vou pela muralha até à Praia da Rata e volto para trás. Se lhe telefonar pode ser que ele ainda não tenha passado no Monte Estoril e vou com ele de carro, assim pudemos conversar um bocadinho a sós. Não! Não quero ser chata e estar a telefonar de 5 em 5 minutos! Vou voltar a pé para lá! Assim ele até tem de esperar um bocadinho por mim. Fica melhor!

Não vou telefonar… ele quando chegar liga-me. Vou passar ali pelo Deck, sempre me distraio. Não gosto de ficar aqui em baixo sozinha. Tenho vergonha. Também tenho vergonha de ir sozinha ao Deck, agora que estou aqui! Vou para o outro lado ver os carros passar. Onde é que será que ele costuma estacionar? Será que ele já foi andando para baixo?

Mas o que é que eu estou aqui a fazer? Devia era ter juízo e ir-me embora. Ele nunca mais vem. Ainda por cima vai estar com os amigos e não vamos poder estar um com o outro! E aquele Stallone, ou como raio lhe chamam… não posso com ele! Fica para outra vez. Combinamos amanhã, ou assim.

Só mais um bocadinho… deve estar quase a chegar… e eu preciso de o ver, ele faz-me sentir como uma deusa.

Vou ver só estes carros até que o semáforo feche… se ele não vier vou-me embora!

Mais um semáforo… também já esperei tanto tempo que mais um bocadinho não faz diferença. O que é que eu estou aqui a fazer? …

Resumindo… esperei por ele, entrei no carro só para conversar um bocadinho, ele deu-me distraidamente um beijo na boca pelo qual pediu desculpa (mas eu não me importei). Mas estava muito distante e disse-me que se tinha atrasado porque estava ao telefone com um amigo e não podia entrar no elevador (!), que andava muito mal e até tinha ideias suicidas, que quase tinha uma namorada e que tinha estado a dar na coca! O quê? Quanto ao elevador podias perfeitamente interromper por uns minutos a conversa; ideias suicidas… deixa-te disso, já deste provas que consegues o que queres da vida e vais continuar a conseguir por muito que o negócio agora vá mal e que as mulheres não te digam nada; uma namorada… tanto me faz, já que tu não és fiel e eu não quero nada de ti além de uma boa queca e elevar a minha auto-estima (o que aliás não está a correr nada bem!); mas a coca! Não acredito! Mas… mas… há quanto tempo? Três meses. Que estupidez! Dinheiro a mais! E agora já não há dinheiro e vais cortar… espero que sim!

Isto não está a correr nada bem. Devia era ir para casa. Já o vi, já conversei com ele um bocadinho, já vi que ele não me pode dar nada de bom, vou-me embora, não é? Não! Claro! Não podia fazer uma coisa acertada! Porque é que insisto em tentar? Já não vou sair há algum tempo, costumava gostar do Tamariz e como a namorada deve chegar entretanto espera-me uma noite muito animada!

- “Não, obrigada, não quero beber nada, estou de dieta!”

Estive à conversa com o irmão do André, com quem simpatizo imenso mas que nunca me lembro do nome, com o André e até com o Stallone e respectivas namoradas. Cheguei à conclusão que o gajo até é mais ou menos, a ex-namorada dele é que era um horror! Apareceu uma Stefanie, amiga e ex-amante do João (não somos todas?) que trabalhava no ramo da cosmética. Devia ser colega da ex-mulher dele. Acabou por me dizer que eu parecia ter trinta e… uma noite estragada, claro! VINTE E NOVE! TENHO VINTE E NOVE! Retribuí a gentileza dizendo que ela era muito simpática e que parecia a Cameron Diaz.

- “Vai uma unha para o pessoal!” diz o João enquanto eu seguro a minha 4ª vodka (que o André contou!). Vai uma unha... Já estou tão farta de estar aqui. Nem sei o que é que estou aqui a fazer. Sei que estou furiosa e aborrecida! E bêbeda! A miúda já chegou e o João chamou-nos para a pista lá de baixo. A caminho encontrei um colega meu do colégio, em estado semelhante ao meu e ficamos à conversa um bom bocado enquanto acabava o copo que tinha na mão e fumava uns tantos cigarros. Quando me fui embora para ir à procura do João já não conseguia ver nada! Agarrei-me a um gajo que pensava ser ele e quando percebi que não era cambaleei dali para fora e fui ao bar lá de cima continuar à procura e buscar a minha mochila. O Tamariz estava cheio e demorava-se para aí meia hora (parecia!) a percorrer o caminho de um lado para o outro. Ainda voltei lá a baixo para me despedir porque eles garantiram-me que o “Jean” estava lá e, de facto, agora com a pista mais vazia, lá o encontrei com a loirinha bonitinha dele. Despedi-me e fui vomitar para o carro!

Tenho nojo de mim! Sou tão estúpida! Porque é que eu me faço passar por isto? Porque é que eu vim sair com o gajo? Porque é que me descontrolei a beber? Está bem que antigamente aguentava quase firme umas 7 ou 8 vodkas mas agora já não estou habituada a beber! Está bem que estavam fraquinhas, pelo menos as primeiras (as outras já não faço ideia) mas devia ter tomado atenção ao meu estado e parado a tempo! Não consigo sequer sentar-me no carro! Tenho de ficar inclinada com a porta aberta e a cabeça de fora. Vou telefonar ao João para ele me levar a casa, afinal a culpa é dele!

Acordo a tremer convulsivamente e é com muita dificuldade que consigo agarrar no casaco e perceber como é que se abre e veste.

Acordo com o telemóvel a tocar. Está um lindo dia de sol e o João consegue convencer-me a ir lá a casa tomar banho e descansar um bocadinho. Argumento: o carro estava estacionado virado para Cascais, e apesar de serem mais não sei quantos Kms (não muitos), o caminho era mais a direito. Isso Ana… insiste na estupidez!

O melhor dos Joões recebe-me, dá-me banho, beija-me e leva-me para a cama. O meu João! Meigo, gentil e que nos faz sentirmo-nos a pessoa mais importante do Mundo. Enquanto nos beijamos e abraçamos deixo-me levar pelos sentimentos – “… tu és muito mais do que uma boa queca! É tão bom estar contigo!”. Podia apaixonar-me outra vez por ti João. Ajudava-te a deixar a coca, ajudava-te no trabalho, tu disseste da outra vez que tinhas mudado, que já não te dizia nada andares para aí a meter-te com miúdas, disseste que eu era muito especial para ti. É por isso que estou aqui contigo. Vais acabar com ela, que não tem qualquer importância, e ficar comigo.

Infelizmente a coca rouba-lhe as erecções e, além do roça-roça suficiente para ficar com comichões, tive satisfação zero!

Acordo esfomeada. Fui comer (claro que ele não tinha nada que eu pudesse comer que não me fizesse sentir ainda mais culpada!).

Acordo esfomeada. Agarro-me a ele e começo a beijá-lo, a provocá-lo. Salto para cima dele e sinto o efeito da provocação debaixo de mim. Boa! É agora! O efeito da coca deve estar a passar! Mas há qualquer coisa que não está bem… ele está distante, muito quieto… -“A Marta deve estar aí a aparecer não tarda…”.

Foda-se! Como é que eu posso ser tão estúpida! Visto-me e saio, outra vez furiosa. –“compreendes, não compreendes…?” “Claro! E tu compreendes que eu fique chateada, não compreendes?” não acredito que me vais deixar sair assim. Eu pensei que era especial. Pensei que ias querer andar comigo. Ainda não sei se eu queria andar contigo (tanga) mas tu tinhas de querer andar comigo! –“Compreendo!” Aquele mesmo ar de desculpa mas não posso fazer nada por ti que eu já conhecia doutras andanças e a mesma revolta invade o meu corpo. As memórias bombardeiam-me e o sofrimento volta todo de uma vez só. E eu mortinha por vir ter com ele… obrigada Marta! (12 de Setembro de 2004)

sábado, julho 30, 2005

Nave espacial especial

É tão giro quando me dizes "...eu não sei andar nisto!" como se eu fosse um nave espacial cheia de botõezinhos e comandos e manípulos indecifráveis. Uma nave espacial imprevisível e especial.
...os teus olhos estavam atrás do meu reflexo nos óculos escuros.

O meu avô...

...desliga o telefone a correr quase sem se despedir das pessoas.

quinta-feira, julho 28, 2005

...expressões trocadas

...arranjar lenha para me coçar (sarna... é sarna!)

Flash...

Vi um tipo a atirar-se para cima do meu carro. Foi tudo muito claro... era um rapaz, cabelo aloirado encaraculado curto, calças de ganga claras e curtas, t-shirt preta e ténis da moda. Era encorpado mas com uma má postura, assim tipo meio corcunda, com pescoço pequeno e omoplatas deitadas para a frente. Nós não íamos muito depressa mas ele apareceu, quase em cima de mim (eu estava à pendura), de trás duns carros estacionados e começou a atravessar a estrada em direcção ao carro. Assim como apareceu... parecia tão real... mas foi só imaginação ou terá sido uma alucinação?

Psicologia barata

Quando eu era pequenina, a admiração que tinha pelo meu irmão não ficava atrás do medo que tinha dele... os monstros que me atormentavam os pesadelos representavam o meu irmão, e foi quando durante o dia comecei a conseguir fugir dele (o meu irmão não era assim tão bom a trepar às árvores, a andar pelo telhado e a correr pelas rochas...) que comecei a dominar os meus sonhos.

Pesadelo

Sempre fui dada a pesadelos... quando era miúda passava as noites a fugir de monstros ou a deambular perdida por aldeias em chamas e outras coisas que tais. Sonhava a eminência do terror... nunca acontecia nada de facto... os monstros nunca me apanharam e não faço ideia do que fariam comigo se tivessem apanhado, e as aldeias estavam simplesmente lá a arder... eu nem sentia o calor das chamas, não morria ninguém... nada!

Chegado o dia em que, com perícia e confiança, trepava às árvores, subia e descia do telhado, corria concentrada nas rochas bicudas e cheias de cracas do lado de lá da Pedra do Sal sem cair e sem me magoar, comecei a encher os pesadelos de vitórias... eu conseguia fugir aos monstros! Senti que estava a começar a controlar os pesadelos...

Não durou muito... Sem que me apercebesse muito bem, os monstros voltaram, desta vez com namorados traidores e foram ficando ano após ano após ano (mas por seu lado as aldeias em chamas já só me atormentam muito muito de vez em quando).

Pois a estória dos meus pesadelos infanto-adolescentes talvez não fosse para aqui chamada caso todo se mantivesse igual... mas no Verão de 2003, nasceu uma versão nova da coisa... uma versão crescentemente sangrenta e violenta... Agora olhando para trás, já nem me choco assim tanto com aquele primeiro episódio mas na altura fiquei aterrorizada por descobrir que tinha coisas terríveis dentro de mim. Coisas que não combinavam com férias, com praia, com o ritmo pacato da travessia da ria em Cabanas, com a sopa do mar do Ideal, com o ombro do meu namorado onde me aconchegava todas as noites.

Naquele sonho vivia-se um clima de decadência humana... uma cave sombria e suja, tráfico e consumo de droga, sentía-se a pressão de ter todos os movimentos controlados, como se os dementors estivessem ansiosos que alguém falhasse alguma regra desconhecida daquele jogo onde tinhamos ido parar sabe-se lá como...

Á porta, um carro passa e assassina um homem que é projectado contra a parede por onde vai escorrendo lentamente ao lado do sangue até ao chão...

Muitos filmes concerteza...

O meu avô...

...lê as instruções da torradeira.

quarta-feira, julho 27, 2005

Psicologia barata

Quando eu era pequena a minha mãe volta meia volta desaparecia dias a fio sem passar cartão a ninguém... Resultado: Sempre que alguém se afasta, por pouco que seja, cria em mim um desepero desadequado!

segunda-feira, julho 25, 2005

Há coisas que me comovem...

Não fui eu nem foi agora... mas é lindo! Vão ver em o frio que faz na cama! Obrigada a quem escreveu...
Morreu Eugénio de Andrade
Poucas palavras foram mais bonitas do que as tuas. Aquelas, que como tu dizias tiravas dos bolsos, eu acreditava nelas. Não eram minhas. Infelizmente. Essas palavras nunca estiveram gastas. Nunca. E sempre acreditei que tivesses alguma coisa para dar. Sempre que te lia passava-se absolutamente tudo. O teu passado nunca será inutil. Como tu escreveste nada se pode contra o amor. Podem-nos dar a morte, a mais vil, isso podem - mas é tão pouco. Adeus

Razões para B se enfiar na traseira de um camião

- B está com um humor de cão.

Razões para B estar com um humor de cão

- A não telefonou a B, A fugiu de B sábado à noite, A não telefonou a B e A continua sem telefonar a B.

Razões para B acordar com um violento ninho de ratos na parte de trás da cabeça

- Zanca tranca a noite toda, tendo B ficado por baixo pelo menos por um bocado, o que B aprecia muito;
- B dormiu mal comó c@#@//0.

Qualquer um dos casos afecta drasticamente o humor de B.
(aos meus amigos que não reconhecem a minha linguagem devo uma explicação: ando a ler O meu pipi e sabem como sou uma pessoa influenciável, além disso estou com um humor de cão!)

Razões para A evitar encontrar-se com B Sábado à noite num sítio público

(ainda no Universo pessoal... eu ainda não trabalho, está bem?!...)

- A não gosta de B;
- A não quer ver B;
- A tem vergonha de ver B num sítio público;
- A não se sente uma boa companhia (então por que raio vai a um sítio público?);
- A não quer ver B;
- A está com alguém que não quer que B veja;
- A está com alguém que não quer que veja B;
- A não gosta de B;
- A não quer ver B;
- A queria mesmo era encontrar B num sítio compatível com actividades físicas privadas;
- A na eminência de encontrar B teme pela sua rica saúde;
- A quando encontrar B vai ter vontade de lhe ir aos cornos mas como é uma pessoa educada e civilizada não quer criar situações conflictuosas;
- A quando encontrar B vai ter vontade de lhe ir aos cornos mas como é uma pessoa medrosa tem medo de criar situações conflictuosas;
- ... (estou sem mais ideias... ajudem-me por favor...)

Razões para A não telefonar a B

(no Universo pessoal, ie, não profissional)

- A não conhece, não tem qualquer contacto nem sabe da existência de B;
- A não gosta de B e não tem nada para lhe dizer;
- A não gosta de B, até lhe dizia algumas mas acha que não vale a pena;
- A não está nem ai para B;
- A está zangado, chateado, magoado ou ofendido com B;
- A gosta de B mas tem vergonha de lhe falar;
- A tem medo e não tem coragem de falar com B;
- A queria desesperadamente falar com B mas está a fazer bluff;
- A queria desesperadamente falar com B mas queria que fosse B a telefonar;
- A pensa que B não está nem ai para A e à falta duma desculpa suficientemente credível para telefonar... não telefona;
- A não pensa;
- B não tem telefone;

Qual é a tua? (aqui pode haver várias interpretações... qual é a tua razão... qual é a tua ideia, onda... ou então simplesmente apeteceu-me cantar... ó meu!)


(pessoal... esta lista ainda está mt incompleta... aceito e agradeço sugestões que acrescentarei ao post! Obrigada!)

_________________________

Não sei se não te entendo ou se não te quero entender. Talvez seja só acreditar no que tu me dizes...

quarta-feira, julho 20, 2005

Logo hoje!

Pronto…está bem… eu levanto-me…

Logo hoje que tinha prometido a mim mesma que ia fazer aquilo… porque é que não consigo ficar a dormir até amanhã em que não tenho nenhum compromisso? Mas já não tenho posição e também é uma granda seca ficar o dia todo a fingir que durmo ainda por cima neste colchão que está há 3 dias sem lençóis…

Aquilo que prometi fazer são 5 telefonemas… 2 deles nem deviam contar porque não tenho nenhum problema em falar com a Rute para remarcar a depilação para a semana que vem, nem com o JL para combinar ir lá 6ª-feira deixar a mota que agarrou. Mas agora vou tomar o pequeno-almoço… o computador também agora não está a ligar à net, anda há uns dias a dar uma mensagem de erro e aconselhou-me a seguir validation recommended na página do Windows update que abre automaticamente quando envio o relatório de erro, mas eu nunca encontrei nem nada parecido com validation recommended e não consegui resolver o problema e agora também já nem dá para enviar o relatório de erro de qualquer maneira, por isso… também não dá para ver os meus mails… vou mas é comer!

Tomei o pequeno-almoço com a minha mão e aproveitei para lhe contar que ontem tinha discutido com a minha avó…”e a avó ficou muito magoada quando lhe disse que precisava de sair de casa para poder crescer, que aqui tinha a papinha toda feita e não evoluía, não fazia por mim…”. Como eu sou injusta porque toda a vida os meus avós sempre fizeram tudo por nós e a minha mãe também sempre fez tudo por nós, sacrificou a própria felicidade e a própria existência por nós e como é que eu posso agora virar as costas a tudo isto? Como é que eu posso achar mais fácil crescer ou evoluir quando tiver que limpar a casa e fazer o jantar quando chegar do trabalho? E as cadelas? O que é que faço com elas? Vou levá-las para viver fechadas no pequeno apartamento que der para alugar com o pouco que me sobrar da psicóloga (este mês 14 sessões de hora e meia… 350€… vou aproveitar para passar já o cheque que ainda não paguei)? E os jantares com os amigos (15 a 30 €) e os almoços na praia (10 a 20 €)? E as portagens e o combustível e a cabeça do motor nova para a mota que agarrou e os travões e a correia do alternador para o carro (bolas… é outro dos telefonemas que tenho de fazer hoje… marcar a revisão porque o carro tem de ir ao IPO até ao fim do mês… vou ligar agora… não… agora não… se calhar vou trazer problemas ao Sr. A. que trabalha numa oficina durante o dia e tem o seu próprio negócio meio ilícito em casa à noite… é melhor telefonar à noite!)? E o veterinário e os desparasitantes internos e os desparasitantes externos e a ração e os ossos? E os presentes para os amigos que fazem anos (bolas… ainda não comprei o teu!...)? E os fins-de-semana fora? E o cinema (5€) e os concertos (25-50€) e os filmes (2,5€) e as multas dos filmes que não tive paciência para ir entregar a tempo? E os livros? E o mergulho (só o último foram 32€ e fui de boleia) e as aulas de Kite que vou ter depois de entregar o trabalho final, e o material de Kite e o fato de surf e a prancha de surf que também quero aprender? E o ski-aquático (ainda não sabes, mas eu tenho muito jeito para a coisa)? E as snowtrip anuais (600 a 700€ com viajem, hotel, aulas, forfait, seguro e morfes)? E o bungee jumping que choro porque nunca fiz? E a queda livre que choro porque nunca mais lá fui (deve estar a 35€ o salto, mais o seguro anual, e a deslocação até Évora, e ninguém vai daqui para Évora só para saltar uma vez… não compensa…)? E o karting que o pessoal marca de vez em quando? E o paint-ball que ainda não experimentei… e a escalada, o rappel, o slide, o canyoning, a canoagem e o tempo para fazer todas estas coisas e mais aquelas que ainda não sei que quero?!... E chamar o Sr. Netcabo para me vir arranjar a merda da ligação à net porque não tenho paciência para tentar arranjar sozinha e que ainda por cima cobra o serviço nocturno quando vem às 11 de manhã e eu pago 20€ a mais porque não tenho paciência para reclamar… E aqueles mimos que nos damos porque precisamos de nos reconfortar e de repente é essencial comprar aquela vela para o meu quarto, aquele tapete para o WC da quinta… E as roupas bonitas e os colares e pulseiras e sapatos que me lembrei agora de começar a gostar como comecei a gostar de natas e bolachinhas de baunilha e croquetes quando comecei a dieta! E a depilação e as massagens e o curso de massagista que tenho pensado em tirar? E a vista do meu quarto para o jardim e para o mar? E o jardim e os almoços demorados ao sol ou à sombra das árvores, consoante o calor, e os fins de tarde a brincar com as cadelas e os jantares de festa com velas a iluminar o caminho para o BBQ?… E a varanda onde me bronzeio integralmente porque não tenho vizinho da frente e onde sacudo o tapete cheio de pelos e areia porque não tenho vizinho de baixo?... e o barulho que posso fazer e arrastar móveis, dançar sevilhanas, pendurar uma moldura?...E a companhia que tenho todo o tempo… há sempre alguém a quem dizer “Bom dia!”, sempre alguém a quem pedir boleia para Lisboa, pedir que me comprem o ananás… Alguém que está simplesmente ali, alguém que nos irrita, alguém com quem refilar, alguém a quem amar. E agora que não estão aqui os meus irmão da terapia para me orientar o pensamento eu pergunto… como é que eu posso achar que tenho de sair de casa? Como é que eu posso acreditar que vou conseguir?

Volto para o meu quarto depois de ter limpo o “wc” das cadelas e folheado o jornal, onde havia artigos sobre praias fluviais (que dor de barriga!), sobre os incêndios (que dor de barriga!), sobre a seca (que dor de barriga!), e sobre a festa da cerveja do Castelo de S. Jorge (que dor de barriga!) que começa hoje e um (mais um) festival que eu também queria ir ver (que dor de barriga!). Estou com o período!... E não há água!

Entre escrever, ir almoçar, voltar a escrever porque o computador foi abaixo e perdi este desabafo, lá consegui telefonar à Rute e ao mecânico da mota. Ainda parei para deixar um post no blog do Bus (é verdade… a ligação voltou a funcionar…don’t ask!) e ainda à espera da água para ir tomar banho para ir à sessão de hoje…e já são 17h20! Mesmo que a água volte agora já vai ser um esticanço estar no Chiado às 18h30… vou se a água já chegou…

Ainda olhei para os toalhetes mas mandei um sms a explicar que não podia ir…

Logo hoje!

(os outros 2 telefonemas são um para o meu orientador do trabalho final e outro para a engenheira da APAS por causa do Vitis que está a aceitar novas candidaturas até 28 deste mês e o meu avô pediu-me para meter o projecto como jovem empresária agrícola)

segunda-feira, julho 18, 2005

...expressões trocadas

... de acordo com a legislação a rigor (em vigor até é mt mais giro, tem uma conotação sexual, ao passo que a rigor parece que vamos para um casamento, ou assim... não sei porque raio me foi dar para isto!)

Dahhh

Hoje, com 29 anos e mais que meio, descobri que para o carneiro tanto lhe dá ser morto para ser oferecido aos deuses ou para ser comido pelos homens!

Sempre me tinha chocado o sacrifício de animais, coitados a sofrer porque alguém se lembrou que um qualquer deus iria gostar. Continuo a achar a ideia um absurdo, claro! Se eu fosse deusa alguma vez iria ficar satisfeita com o sofrimento imposto a um ser vivo inocente?! Não, pior! Em minha homenagem!!!... Demitia-me logo e ia para casa com a neura do milénio.

Mas o que eu nunca tinha percebido é que aqueles pastores da antiguidade não tinham os adoráveis memés para com eles passearem alegremente pelos montes a tocar flauta como nas ilustrações infantis da Bíblia. Os memés iam ser mortos, fosse para comer ou para oferecer aos deuses. Daah! (23 de Janeiro de 2005)

Sábado sofrega saboreei e sofri e saboreei o que sofri e senti sofregamente sábado só


outro roubo de www.olhares.com (A urna de Paulo Maia)

Pesadelo

Acordei a tremer completamente agoniada. Carregava na alma uma máquina destruidora com um peso que eu não queria para mim. Tinha morto mais um homem. Pormenores fora, tinha morto mais um homem à facada.

Pormenores dentro… estava a ser perseguido (pois, eu era um homem) por um baixinho mas energético asiático, de cabelo rapado e com aquele mau gosto característico na maneira de vestir, íamos a nadar furiosamente ao longo de um rio e ele estava sempre a alcançar-me mas eu desembaraçava-me dele e continuava a fugir até que amarinhei por uma margem acima e comecei a subir por um caminho que ia dar a uma casa que, para minha desgraça, estava cheia de amiguinhos dele e foi um rapazote que substituiu o exausto china na caçada. Desci em direcção à aldeia, atravessei o rio a nado e corri pelas ruelas em direcção a casa (era uma casita de um só piso daquelas que dão directamente para a rua sem ter um jardim à frente e estão entaladas entre as casas do lado). A minha avó estava a entrar, ou à porta, não me lembro muito bem, mas abordou-me assim que cheguei e pedi-lhe desesperado que fechasse as portadas enquanto eu fui fechar a porta de entrada porque tínhamos entrado pela cozinha. Não cheguei a tempo e o miúdo (que era um actor brasileiro novito que estreou agora na New Wave) já estava a entrar. Lutámos violenta e demoradamente e sem que eu me lembre muito bem como foi. Entretanto eu tinha uma faca de cozinha e comecei a esfaqueá-lo. Desta vez não me lembro de sentir aquela sensação horrível dos ossos a partir, mas fui brindada(o?) por uma morte em 3 ou quatro actos. O desgraçado nunca mais morria! E eu tinha de continuar a esfaqueá-lo. Cada vez que eu parava e pensava estar tudo acabado, aliviado mas completamente destroçado por ter de ter morto um homem de forma tão violenta, o estúpido voltava à carga até que lhe quis cortar o pescoço só que ele teimava em baixar o queixo e eu abri-lhe um sorriso de orelha a orelha antes de conseguir finalmente decapitá-lo e mesmo assim não tenho a certeza se ele não teria continuado a insistir se eu entretanto não tivesse acordado.

É só quando ele (eu?) explica o sucedido à avó que eu (eu) fico a saber que o china tinha batido contra o meu (?) carro quando saíamos de um jogo de futebol (nunca fui a 1 jogo de futebol na minha vida!) e talvez a equipa dele tivesse perdido porque apesar de não haver grandes estragos o gajo ficou furioso e queria matar-me. (23 de Abril de 2005)

Sonho americano

Esta noite tive um sonho em que (alguém) escrevia um livro. O argumento andava à volta de algo muito grave que se tinha passado entre as nossas personagens mais importantes: uma rapariga; uma amiga intriguista e o seu namorado. Algo relacionado com a fantasia desta rapariga em ir acampar durante dois dias para o Mónaco! O absurdo do seu sonho não escapava à nossa personagem, já que vivia nos Estados Unidos da América. Chegou mesmo a haver uma viagem, só nunca cheguei a saber onde.

À medida que ela nos contava o que se passou, ia introduzindo deliciosamente as outras personagens. Não me lembro por que é que amiga era intriguista…mas sei que entrou sorrateira no quarto de alguém para preparar alguma e saiu vitoriosa. A seguir ofereceu a um rapaz (nem sei se era o namorado, mas parecia aquele actor brasileiro que agora faz de Viriato na Senhora do Destino!) uma caixa enorme cuja tampa estava decorada com umas grandes rosas encarnadas, penso que secas, dispostas ordenadamente.

Foi o namorado dela que me aqueceu esta noite! Não era fisicamente o dito actor, mas na dimensão dos sonhos tudo é possível. Atlético, pele morena, cabelo rapado e umas ténues feições negras (não relaciono com ninguém deste lado da vida!). Eu devia estar com falta de ar pois criei para este Adónis uma actividade bastante curiosa. Fotos artísticas, preso em poses sensuais debaixo duma água com aquela cor e nitidez que só encontrei quando fui mergulhar em Tenerife. Será que um dia vou conhecer o homem da minha vida preso debaixo de água à espera que o vá salvar? Será isto um aviso para não mergulhar sem faca? Bem, adiante…chamava-se Shawn e escrevia-se exactamente assim (porque é que uma pessoa fixa um pormenor destes?!). Pelo menos bate certo com a nacionalidade, mas eu não conheço nenhum Shawn. Nem sequer era Sean, um nome mais conhecido. Podia ser João, Pedro ou …Sérgio. Apesar de não gostar do nome, o corpo do Shawn sugere-me o daquele desgraçado, mas isso não é para aqui chamado!
…O Shawn também era bem mais cheio!

Havia muitas outras personagens, como um bando de raparigas histéricas à porta de um café, a usar um novo produto que deixava os cabelos muito brilhantes para impressionar alguém muito cobiçado que não cheguei a saber quem era. Mas o que mais me intrigou foi uma personagem liliputiana que vivia em cima de um armário e que tinha um amigo que lhe atirava chocolates (Bacci) de vez em quando e que temia pela sua vida cada vez que alguém ouvia ratos naquela divisão da casa!

Nunca soube o que é que tinha acontecido na dita viagem, mas estou até agora a rir de mim própria dos disparates que inventei. É claro que o Shawn contribuiu grandemente para a minha boa disposição matinal. Obrigada! (1 de Outubro de 2004)

Fui dar com ele morto...

Fui dar com ele morto e a composição parada! Um luto carregado enegreceu os meus dias e cobriu o meu olhar. Já não (ha)via para onde caminhar? Eu sei que o maquinista não é insubstituível mas é triste ver partir alguém que nos levou em alta velocidade à volta do Mundo e com quem ainda esperávamos ir à lua e talvez ainda ter tempo para visitar outro sistema solar! (5 de Janeiro de 2005)

Gambler

Quando acabámos de jantar continuámos descontraidamente à conversa. Então, em duas jogadas apenas, ele avançou do lado de lá da mesa para se instalar quase em cima de mim, passando pelo banquinho da lareira. A seguir sacou do trunfo, exibindo aquela parte deliciosa da barriga que fica mesmo acima do botão das calças de ganga de cintura baixa que ele usa (que abuso!) e desafiou a minha jogada com um olhar jocoso. Eu passei. Verbalizou com mestria a jogada final e um pouco quase nada depois já me estava a agarrar. (5 de Janeiro de 2005)

quarta-feira, julho 13, 2005

...expressões trocadas

...por os cavalos à frente dos bois (quem sai aos seus... este é da minha mãe!)

Encore une foie...

Desde o concerto da Madonna que não tenho nenhum orgasmo. A tensão aumenta de dia para dia e os ânimos elevados do 25 de Outubro deixaram-me doida de desejo…

Pronto… não é bem verdade… já tive pelo menos um orgasmo[1] mas com uma satisfação fugaz que se diluiu na minha angustia como uma gota de água doce contra as ondas do mar.

Os dias foram passando e o desespero foi-se instalando. O meu ego está cada vez mais franzinito e a minha cara está cada vez mais velha e feia. Tento disfarçar e fingir estar bem disposta mas sei que não devo estar a conseguir porque já ninguém quer do meu mel, tão cobiçado há uns meses atrás. Tenho de me forçar a erguer a cabeça e por os ombros para trás tentando encobrir a minha condição de miserável. De vez em quando rebenta furiosa uma raiva que tenho de engolir por não ter como ou a quem me queixar. Veneno puro! A tristeza voltou a ocupar o seu lugar e os maus condutores voltaram ao poder e lá ando eu pelo transito a irritar-me e a chorar de nervos! Lá ando eu a responder mal a quem não merece e a sentir-me péssima por isso. As minhocas que pretendem ser os meus miolos já retomaram a conspiração maquiavélica para me deixar cada vez pior.

Ando fodida dos cornos! (desculpem a expressão, mas não me lembrei de outra que melhor relatasse o meu estado de espírito). Ando desvairada, tomo as piores escolhas por desespero, por achar que qualquer coisa há-de ser melhor do que o que estou a passar, mas sempre a enterrar-me mais fundo. Não me respeito ou protejo e acabo por fazer tudo o que não devo e entregar-me a quem não me merece. Alguns laivos da “velha Eu” no seu pior.

Mais uma vez a loira da anedota da casca da banana… (30 de Novembro de 2004)
[1] Claro que não contam os monólogos de prazer que só servem para aumentar a minha solidão quando à partida já me sinto só.

O GLORIOSO 25 de Outubro de 2004 Parte II (a madrugada de 26)

Desde o concerto da Madonna que não tinha nenhum orgasmo. A tensão aumentava de dia para dia e os ânimos elevados daquela noite deixaram-me doida de desejo. Mas o meu maquinista não me deu troco, como aliás não dava há algum tempo. O Eduardo por seu lado atacava em força e preenchia um cantinho do vazio que o outro tinha deixado. O Eduardo era querido. O Eduardo desejava-me. O Eduardo gostava de mim. Por isso achei que devia deixar o Eduardo essa noite. Não o podia usar para saciar a minha fome animal, não o Eduardo que gostava de mim.

9s fora nada? Não! Restava-me o João, o “coelhinho”!

Restava-me mais uma frustração. Mais um cartucho queimado. Um trunfo desperdiçado por ter sido usado fora do tempo. Restava-me a raiva de mim própria por voltar a cometer sempre os mesmos erros. Restava-me a vergonha dos meus actos perante quem deles tivesse conhecimento. Ah! Como eu sou boa a tramar-me! Consigo tão bem meter os pés pelas mãos e dar cabo de tudo o que me é querido. Boa!

Ninguém me tira o 25 de Outubro de 2004… não é preciso… eu própria já dei cabo dele! (9 de Novembro de 2004)

O GLORIOSO 25 de Outubro de 2004

Consegui entregar metade de Proj III a 15 de Outubro (no último dia, claro!) e acrescentei o resto sorrateiramente na 2ª-feira seguinte, dia 18 que era a data de entrega de Proj IV. Enchi-me de coragem (lata!) e pedi ao Prof para ainda me deixar entregar Proj IV e ele concedeu-me uma semana, que me deu para desenvencilhar um trabalho incompleto e talvez incorrecto em alguns aspectos, mas entreguei! Para o comum dos mortais isto não é nenhuma proeza notável, mas foi uma vitória para mim que não entregava nenhum trabalho há 2 anos (alguns dias depois de escrever estas linhas lembrei-me que no semestre passado entreguei FAP e tive 17 mas ainda não percebi como é que não me lembrava deste pormenor!). Desistia sempre a meio. Sentia-me incapaz e inferiorizada e com tanto medo de falhar que não chegava a tentar!

Ainda não sei as notas, posso até ter chumbado, mas tentei! (tive 16 e 14 YUPPI!)

Já ninguém me tira dia 25! Directa para acabar Proj IV, saí disparada para a Sobrena sem almoçar para não chegar atrasada à avaliação na APAS (vão lá uns Srs. do Ministério da Agricultura fazer-nos 1 exame) e mesmo sem ter tido tempo para estudar, sem ter dormido ou comido consegui ter um 19, a melhor nota da turma. Depois fomos todos jantar fora, tomar uns toupeiros a Óbidos e às 3 estávamos em casa do Francisco a tomar banho de piscina com um frio de rachar. Mas a noite aqueceu logo com as brincadeiras calientes que se seguiram. MUITA provocação! Ah… são estes momentos que fazem a Vida valer a pena! Dia 25 o Mundo era meu. Dia 25 parei de tomar o Cipralex. (9 de Novembro de 2004)

Cipralex


Efeitos secundários frequentes (menos de 1 em cada 10, mais de 1 em cada 100):
Sinusite (nariz entupido ou com corrimento)
Diminuição do apetite
Dificuldade em adormecer √
Sonolência
Tonturas
Bocejamento √
Diarreia
Obstipação
Aumento da sudação
Perturbações sexuais (atraso na ejaculação; problemas com a erecção; motivação sexual diminuída; as mulheres podem ter dificuldade em atingir o orgasmo √)
Cansaço
Febre

(!)

Fixe! Ou faço a merda dos projectos ou tenho orgasmos! Se ao menos também tivesse a motivação sexual diminuída… mas o “maquinista” voltou ao serviço! (11 de Outubro de 2004)

Trabalho de grupo

- … então e os tios dormem cá esta noite? A resposta positiva teimava em querer apagar o sorriso com que tinha chegado. Disfarça... disfarça.., afinal a casa é deles e só estás aqui de favor! Calma… como é que vou fazer?… Que caraças… porque é que não ando com a chave da Quinta? Telefonei ao Sr. Manuel. Fogo! Não atende. –“… o tio por acaso tem o número de casa do Sr. Manuel?” Acabei por arranjar o número após correr os tios todos e telefonei. Porra! Também não atende.– “…e a chave da Quinta… o tio tem?” Mais uma ronda à casa a perguntar pela chave e lá a consegui. – “…é que temos de fazer um trabalho de grupo e não quero estar a fazer barulho aqui em casa. Vou lá agora ver em que condições é que está!” (já não tenho idade para isto!).

Tem luz, boa! Ainda está com um bocadinho de pó… É preciso tirar as coisas de cima da mesa e juntar aqui algumas cadeiras. Será que está ligada a água? Óptimo! E os quartos… aqui em cima não dá… neste também não, ai, ai!… queres ver… Yes… a esperança é a última a morrer! Ainda há um colchão cá em casa! Está feito! Agora é só ir comprar um tintol e esperar que ele telefone. (9 de Outubro de 2004)

Maquinista

O passado chegou inesperadamente sem que o futuro que eu imaginava tivesse sido presente. Malditas férias! Estava tudo tão bem encaminhado… eu ardia por ti e tu retribuías, parecia-me… bem… pelo menos incentivavas, provocavas-me descaradamente e mostravas gostar do meu interesse por ti. Na altura não havia porque olhar para lá das labaredas, chegava-me o que me davas.

Um mês e tal depois já quase não há nada além da minha teimosia em achar que devia ter acontecido mais alguma coisa! “Quero ouvir-te gemer!” a tua voz rouca arranha as minhas costas e não me deixa sossegar… então e agora… já não queres? Porquê? Tenho pavor da resposta… espero que andes entretido com alguém mais aliciante e que ao menos não tenhas simplesmente perdido o interesse por mim. Que as coisas não iam durar entre nós já eu sabia e estava preparada para aceitar, mas não estava preparada para esta estranha sensação, o fantasma, a nuvem que se dissipou sem ter chegado a tomar forma. Eu também queria que tu me ouvisses gemer…ai se queria! Queria gemer e contorcer-me e sentir-te contorcer e gemer e sentir o pulsar do teu sémen a passar enquanto te viesses dentro de mim.

Se ao menos eu nunca tivesse provado o teu sabor, se nunca tivesse tocado a tua pele, se o teu cheiro nunca me tivesse embriagado… se eu nunca tivesse visto o que escondes tão mal aí no centro de ti… NÃO!... Ainda bem que provei, toquei, cheirei, vi e que vivi! Triste de mim se continuasse a pensar ter morrido! Graças a ti sei que estou bem viva. Tudo aqui dentro mexe e tem vontade própria. Agora só falta alguém para pôr outra vez a máquina em andamento. Pena não seres tu! (5 de Outubro de 2004)

Muda



Pára! Afinal não quero fazer amor contigo... não vês que só quero atenção?
No fim sorrio e finjo estar contente para que não me julgues maluca.

Engodo

"Quero fazer amor contigo" diz o meu desespero para te prender em mim mais um instante... só mais um instante. Fica comigo. Olha para mim. Entra em mim e arranca a minha dor.

sexta-feira, julho 08, 2005

...expressões trocadas

...puxar os cordões à massa (puxar os cordões à bolsa)

quinta-feira, julho 07, 2005

Consegui!

Escrevo e leio e releio e escrevo mais e vejo e namoro e sinto-me só. Acho que ninguém me está a ler, ninguém me está a ver. Escrevo para que me leias e saibas quem sou, mas tu não estás a ler agora e não queres realmente saber quem sou. Achavas que querias quando te fazia feliz naquele meio tempo em que as coisas se podem viver como se imaginam porque ainda não há provas duma realidade contrária... a podridão, apesar de confessada não é sentida enquanto não há provas. Orgulhosa esfrego-te as provas na cara e afasto-te antes que possas reagir. Decido que tu não hás-de continuar a querer-me. Não hás-de continuar a ler-me.

Muito fácil!

...mas tens de acreditar que aos poucos vais conseguir. Cada novo dia tens oportunidade de provar que és capaz de fazer algo por ti. Há muitos dias em que se falha e ao princípio podem ser mais os fracassos que as vitórias mas tens de saborear cada vitória alcançada e tirar dela a força para mais um dia de luta. Aos poucos vais ver que os dias negativos vão ser cada vez menos. Acredita porque eu sei muito bem o que estou a dizer. Pensa hoje que passo podes dar amanhã e se nada te ocorrer... não desesperes. Fica atenta e procura os pequenos prazeres da vida e também aqueles erros que cometemos sistematicamente e cujo arrependimento nos envenena de dia para dia. Toma consciência do que estás a fazer contigo própria e quando estiveres para te envenenar mais um bocadinho pára e troca isso por algo que te dê prazer. Por algo que te faça bem. E lembra-te de uma coisa muito importante... se tentares podes falhar, mas se não tentares falhas muito mais porque nem te chegaste a dar uma oportunidade! Beijinho (17 de Fevereiro de 2005 02:12)

Fácil!

Querida amiga! Sempre que passares à frente de um espelho olha com atenção. Olha para o coração de ouro, olha para a miúda inteligente, olha para essa cara tão gira... Tu tens-te tratado muito mal mas tens de ser a primeira pessoa a amar-te a ti própria. Tens de passar a ser a tua melhor amiga! Sempre que passares à frente de um espelho olha bem e sorri... tu és uma miúda espectacular! Beijinhos e sempre que quiseres falar vou ter sempre o telefone ligado e o coração aberto, nem que seja às 4 de manhã! ;o) (17 de Fevereiro de 2005 01:45)

Tu e o espelho

Eu amo-me tanto que até doi! Eu merecia tanto ser feliz... não necessáriamente a pessoa mais feliz do Mundo... só feliz. Normalmente feliz. Sem ponto de esclamação nem nada. Eu amo-me tanto que não consigo continuar a olhar para mim e ver tanta dor... Amo-te tanto! Desaparece da minha frente que já não aguento mais olhar para ti! Fazes-me sofrer porque só me queres fazer bem e não consigo sentir o bem que tu me fazes! Sinto a tua falta... Acabei contigo e amáva-te tanto. Fazias-me tanto bem e eu já não tinha mais nada para te dar... nem o meu prazer. Sai daqui... não consigo estar mais contigo porque não consigo estar mais comigo. Quero acabar tudo. Quero acabar comigo e amo-me tanto.

Realidade

Abri a porta e vi a cama vazia à espera para engolir o meu corpo exausto. Tão grande ela parece sem ti. Tão fria. Tão... 1 cama. Peço ao teu cheiro, ao nosso cheiro que me embale enquanto adormeço e de tantas vezes já ter adormecido à procura das palavras do coração que fala pelos cotovelos,... acordo com o telemóvel na mão e a mensagem por acabar de escrever... Bom dia! Esta noite dormi contigo ainda que não soubesses. (17 de Abril de 2005 08:11, 16:22)

Respeito

- És virgem?
- Não! – respondi prontamente com um ar quase ofendido.

Não… que disparate! Virgem! O sexo não era nenhum segredo para mim, não era nenhum tabu, não tinha qualquer tipo de limites, restrições, proibições, mas sobretudo não havia preconceitos. Eu nunca dizia ‘não’ quando me apetecia dizer sim e nunca compreendi este generalizado comportamento das minhas colegas face às tímidas primeiras investidas dos rapazes. Eu era muito diferente dessas ‘inhas’ ridículas, hipócritas, falsas…

Eu nunca neguei a minha curiosidade sobre o corpo, ou antes, sobre os corpos, o meu e o dos outros, masculinos ou femininos. Desde que me lembro que me toco, que exploro o meu corpo e o meu prazer e foi durante a infantil que explorei pela 1ª vez (que me lembre) o corpo duma colega minha. Novas oportunidades foram sempre aproveitadas e com a ajuda dum amigo 5 anos mais velho, aos 8 já desenvolvia a técnica do sexo oral com vista a potenciar o prazer masculino e outras brincadeiras que nós tivemos levaram-me a acreditar ter perdido a virgindade.

- Oh! Que horror! Ele deu-lhe um beijo na boca!

Donde é que isto vem?

Alguém me diga por favor! Ainda agora com 29 anos não consigo entender. É certo que eu levei as coisas talvez um pouco rápido demais e é verdade que isso me prejudicou e também é verdade que uma miúda de 11 ou 12 anos dificilmente toma as opções mais acertadas. Mas em que é que eu era diferente das minhas colegas? O que é que as levava a elas a negar a curiosidade, o desejo? Que razão era essa que as impedia de avançar nesse domínio e que me fazia sentir uma raiva tão grande, provavelmente recíproca, de todas essas ‘inhas’? Tão irritantes, tão complicadinhas, com os seus vestidinhos e os seus sapatinhos e os seus não me toques e os seu gritinhos histéricos…

Eu e o meu irmão uma vez nos jogos da paróquia durante as festas populares ganhámos um livro chamado ‘Marcelo, Marmelo e Martelo’ e uma das estórias era sobre duas meninas que se detestavam exactamente por uma ser uma Maria-rapaz e a outra ser muito feminina. A minha vida era como essa história em que todas as minhas amigas eram demasiado femininas para o meu gosto e eu demasiado Maria-rapaz para o gosto delas. Só que eu nunca cheguei a fazer as pazes com elas.

Consegui voltar a ter amigas quando também elas começaram a querer entrar no mundo dos rapazes onde eu circulava livremente, mas rapidamente uma nova razão se insurgiu contra a amizade no feminino: a competição. Finalmente todos aqueles tontos que tantas patadas levaram daquelas palerminhas iam tendo algumas conquistas e surpreendentemente passaram-me para o lugar de ‘melhor amiga’ e depois para o lugar de ‘uma amiga com quem se pode contar quando levamos um tampa daquela de quem realmente gostamos’ e finalmente para a posição que entretanto passei a ocupar de ‘… prefiro não dizer.
Desta vez não estava disposta a perder as minhas amigas. Descobri que precisava muito delas: eram muito úteis para conhecer novos rapazes; é muito mais fácil um grupo de rapazes meter conversa com um grupo de raparigas do que o singular dessa situação; e apesar dos rapazes serem muito mais amigos e mais sinceros do que as raparigas, eles andavam a guardar esse privilégio uns para os outros e o exílio total não devia tardar.

A coisa avançou de tal maneira que hoje não sei o que é ter um amigo, não sei lidar com rapazes. Logo eu que sempre me gabei de ter um relacionamento tão saudável com a minha sexualidade não consigo ter um amigo sem misturar as coisas. Todos os amigos que eu tenho ou são antigos namorados ou curtes, ou são um interesse recente ou são munições de reserva que se conservam e estimam em tempos de paz para usar em tempos de guerra.

Está tudo errado! Mas esteve sempre tudo errado? Desde quando? Desde os 5 anos e da exploração do corpo feminino? Desde os meus 8 e os 13 dele? Desde os 12 quando respondi não ser mais virgem, tornando injustificável (achava eu!) a recusa do que a seguir se passou? Uma coisa é certa: eu afastei-me do caminho comum e ao ser julgada e criticada a minha defesa (brilhante!) foi afastar-me ainda mais e fazer da liberdade sexual uma luta que travava contra todos usando a minha própria existência, a minha própria conduta como exemplo. Chamaram-me muitos nomes e contaram todo o tipo de coisas a meu respeito mas eu andava de cabeça erguida, orgulhosa por estar a fazer algo pelas pequenas oprimidas que vivessem atrás de mim neste Mundo machista e como tal injusto e incoerente. De cabeça erguida mas a sofrer por dentro. Estes foram sem dúvida os melhores anos da minha vida!

Quando as outras cabeças cresceram e tudo acalmou, uma parte da minha vida deixou de fazer sentido. É claro que eu não pensava nisso e ia vivendo dia após dia. O resto do sentido foi-se quando a minha primeira paixão me traiu. E eu continuava a não pensar nisso. Era uma pessoa extremamente optimista e bem disposta e vivia bem, mas comecei a definhar… sem pensar nisso.

Eles falam, falam, falam… e eu ando aqui às voltas!

Gostava de voltar a acreditar tanto em mim como acreditava antigamente. Andar de cabeça erguida quando me apontavam no colégio… hoje duvido que alguém perca o seu tempo a pensar bem ou mal de mim e mesmo assim não consigo andar de cabeça erguida. Claro que tenho uma vozinha interna que, quando eu deixo, diz…Que pessimismo destruidor! Está tudo na tua cabeça sua tonta! Tens muitos amigos e amigas e sempre tiveste. Apesar de tudo sempre houve pessoas que te respeitaram e te deram valor pelo que tu és. Muitas pessoas até… considering! Porquê este negativismo todo? Não são os outros que não te respeitam… há-de sempre haver pessoas bem e mal formadas no teu caminho, pessoas que gostam da tua maneira de ser e pessoas que não gostam de ti, pessoas mais compreensivas, pessoas mais intolerantes, pessoas mais práfrentex, como a tua avó, e pessoas mais casmurras, de horizontes mais limitados. A resposta não está nos outros, está em ti! Tu é que tens de te respeitar e acreditar em ti e só assim os outros voltarão aos seus lugares na tua vida. Segue o teu caminho sem hesitar porque são as hesitações que, fragilizando o teu interior, abrem as portas às agressões exteriores.

Fixe! Sinto-me muito melhor agora! Na verdade estou na mesma. Continuo na mesma. Continuo sem saber qual é o meu caminho! Eu quero uma Auto-estrada na minha vida! (17 de Janeiro de 2003 00:50)

John

Estava na idade de brincar com bonecas, de viver no reino encantado dos príncipes e princesas e cavalos alados. Não sei exactamente como ou quando começou mas ao princípio não era John, era um rapaz anónimo, um pouco mais velho que eu e que todos os dias enfrentava novos desafios. Foi ao conhecer o pai, John Rambo que John ganhou nome, um passado e um fio condutor na sua vida…

Foi no Vietnam que John nasceu, fruto da paixão entre Rambo e uma linda vietnamita, numa aldeia isolada que tinha acolhido o militar americano enquanto ele se recuperava de graves ferimentos em todo (quase) o corpo.

Recuperado, Rambo abandona a aldeia sem chegar a saber da existência do seu filho. Com poucos anos de vida, John assiste ao massacre da sua família por soldados americanos e foge para viver escondido na selva por alguns anos até ser resgatado por Harris[1], um oficial americano que o adopta e educa já nos EUA, sob a disciplina militar que acreditava ser a melhor formação.

É ainda no Vietnam, em missões especiais que o seu profundo conhecimento do território possibilitavam, que os capítulos começam, episódios com ou sem continuação, mais ou menos fantasiosos, mais ou mais sofridos.

John é um miúdo corajoso e habilidoso em tudo o que faz. Também é muito esperto e foi ao conseguir roubar a comida do pelotão de Harris durante tanto tempo sem ser apanhado que ganhou a simpatia e admiração deste. John ao princípio não confia em Harris, como em nenhum americano, vivendo assombrado pelas imagens violentas de tortura, violação e morte na sua aldeia.

Já nos EUA, frequenta um colégio interno que também não lhe dá tréguas, mas John não se deixa amansar e o seu espírito rebelde permanece imperturbável face aos mais variados castigos e torturas impostos no colégio e pelo pai adoptivo.

Durante muito tempo, John vive os mais sórdidos, ou mais cómicos, ou mais heróicos episódios, sempre bem abastecidos de desafios à sua destreza física e frequentemente recheados de punições sexuais, e cujo tema podia ser, ou não, fiel à sua história, mas que geralmente encontravam inspiração em acontecimentos da vida real ou da televisão.

Lá para os meus 10-11 anos, John começa a interessar-se por uma rapariga também interna no colégio e o seu novo grande desafio passa a ser encontrá-la (escalando as paredes da ala das raparigas, fazendo rapel desde o telhado, arrombando portas, etc.). Continua a ter de enfrentar os duros castigos que se seguem mas tudo vale a pena. Ninguém o vai impedir de fazer o que ele quer. É durante os seus encontros que eu volto a ser eu. É comigo que o John se vai encontrar, é comigo que descobre a paixão, as brincadeiras atrevidas, os beijos… os dois descobrimos o corpo, o prazer, o sexo. Através destes encontros no pequeno quarto de um colégio interno nos EUA vivi a beleza da primeira vez, a felicidade de ser amada, recuperei a inocência.

Aos poucos John transformou-se em mim, até que tomou um papel anónimo e secundário, porém primordial para me resgatar das garras dos coronéis esfomeados. A minha imaginação entretanto vai para o espaço já que a partir de certa altura o episódio da escrava sexual torna-se recorrente, até tudo acabar, não sei exactamente como ou quando. (17 de Janeiro de 2005 19:53)
[1] Harris é nome de mulher, mas eu não sabia.

Canibal!


...o altruísmo é uma arrogância disfarçada como um lobo em pele de cordeiro! Mas o lobo quando se vê ao espelho (leia-se toma consciência do que é e de quem é pelo seu reflexo no Mundo) pode até convencer-se que é um cordeiro e agir como tal. Depois vem a fome (a erva realmente nunca me encheu as medidas), a baba a escorrer e os olhinhos a brilhar (tipo o tio Patinhas a namorar o seu dinheirinho), o instinto fala mais alto e de repente dá-se o ataque mortal. As presas cravadas no pescoço do pobre cordeirinho ainda quente... imaginem só a confusão que vai na cabeça do desgraçado do lobo que pensava ser cordeiro!

Bloqueador solar

“Deixa estar as coisas de Proj IV. Safo-me sem elas e assim escuso de falar mais contigo. Contavas com um certo orgulho que quando acabaste com a Catarina ela ficou 6 meses de cama. Foi preguiça? Agora tens mais uma história para te orgulhares: eu há 3 anos com a vida parada.” (sms enviado a 16 Outubro 2004)

Uma vez acusaste-me de tornar tudo mais pesado. Na altura aceitei mais essa tua crítica e sofri com ela como com todas as outras. Sim… era pesado ser a pior pessoa do Mundo aos teus olhos.

Será que nunca percebeste que até me envolver contigo eu vivia com a leveza de uma criança, numa dimensão ACIMA dos pensamentos, com o optimismo irrecuperável duma visão (ou cegueira!) pura da vida. Eu realmente considerava-me uma pessoa feliz!

Chamavas-me Nuvem Negra mas tu é que me besuntaste com um protector solar tão poderoso que não havia raio de Sol que me aquecesse a alma e tão pegajoso que passados 3 anos ainda não o consegui lavar totalmente. 3 anos morta. 3 anos sem saber o que é que ando aqui a fazer. 3 anos com uma depressão que eclodiu sob o teu feitiço que arrasou o meu sistema imunitário emocional.

Remataste com o carimbo PREGUISOSA quando tu é que me acorrentaste a perna direita à falta de auto-estima, a perna esquerda à culpa e a teu cargo ainda vieram os Srs. pensamentos colocar-me uma camisa de forças por descobrir que não tinha nenhum objectivo na Vida!

Ser feliz não é um objectivo suficientemente importante? (9 de Novembro de 2004 21:11)

terça-feira, julho 05, 2005

Grande problema...

Qd como mta salada fico com bocadinhos meio digeridos de alface a flutuar na sanita durante dias e dias...

segunda-feira, julho 04, 2005

Não tens mais nada que fazer?

Ter que e ter de empregam-se em circunstâncias diferentes. Ter de emprega-se quando se subentendem palavras como necessidade, precisão, desejo, obrigação, antes da preposição de: Tenho de comer. Tenho de o ajudar. Tenho de trabalhar muito para viver. Ter que usa-se quando subentendemos palavras como muito, pouco, nada, algo, coisa, coisas. Estas palavras são antecedentes do que, pronome relativo. Este que é o complemento directo do verbo que se lhe segue: Tenho muito que contar. Elas tinham muitas coisas que dizer. Não tens mais nada que fazer?
(http://ciberduvidas.sapo.pt/php/resposta.php?id=485)

...expressões trocadas

...puxar a braza à minha fogueira (é preciso traduzir?)

domingo, julho 03, 2005

Push the button

- “Pare com isso… Que mal é que eles lhe fizeram?... Bela educação está a dar ao seu filho…”
- “Vai-te foder!” (Confirma-se)
A ideia até não era má… A nossa viagem de finalistas[1] já me tinha descolado do Nuno Miguel[2] há uns dias e a vontade estava a ficar intolerável… e ainda faltavam tantos!
- “Desde que não seja consigo!.. Anormal!”

A discussão podia ter ficado séria sem a interrupção forçada dos meus colegas que pegaram em mim para me afastar dali. Toda eu fervia de raiva! Há realmente pessoas que se deviam poder apagar, carregar naquele botãozinho e puff… bye bye!

(Contexto?… Gerês, garranos selvagens, imbecil e filho a atirar-lhes pedras)
(21 de Junho de 2005 11:35)

[1] na realidade era a viagem de despedida do colégio que só tinha até ao 9º ano
[2] ver 200

Ai ai... com licença... estou aflitinha!

Que se fodam as praias fluviais! Que se fodam mesmo e bem fodinhas! Que se foda a Qualidade da Água, a Bandeira Azul e o INAG! Que se fodam os rios e as albufeiras e os Estreptococos fecais! As salmonelas, e o ambiente e a prática balnear e o Decreto-Lei 236/98 de 01/08/1998 e os banhistas locais e/ou visitantes, e as directivas e os programas, e os municípios, distritos, delegações, associações, federações, comissões, as faltas de informações e a paisagem... ai a paisagem... sobretudo a paisagem... vão todos pró... pró... não consigo escrever mas nem preciso...

ahhhh... que alívio!

(coitadas... as praias fluviais nem têm culpa que eu as tenha escolhido para tema do meu Trabalho Final!)

O foco da infecção...

Recentemente concluí (que é como quem diz: fui obrigada a engolir parte da minha arrogância e admitir...) que aquelas coisas que mais nos deixam com os nervos em franja têm geralmente uma origem mais ou menos escondida, mas absolutamente cravada no nosso ser. Exemplos... inúmeros... cada um tem os seus, mas alerto que mesmo tentando reflectir com sinceridade sobre o que mais nos irrita nem sempre é possível admitir a causa. Inveja é muitas vezes a resposta ou vermos nos outros o reflexo de um comportamento nosso, actual ou passado, que as nossas defesas nos impedem de ver directamente em nós...
Mas afinal de contas porque raio vou aos azeites com a voz esganiçada de certas mulheres... Inveja? Livra!

Herói do recreio?

É triste ou é lindo mudar de opinião? Poder mudar de opinião é bom, não há dúvida, mas não nos faz sentir ridículos por vezes quando são assuntos de grande importância para nós? Quer dizer… ninguém perde o sono por hoje gostar de calças mesmo justas e amanhã só usar bocas-de-sino mas e se durante uma qualquer fase da nossa vida desprezamos determinado tipo de comportamento e depois, muito depois, nos lembramos que já tínhamos sido assim?...

Pois é! Estava aqui a lembrar-me de mim própria na primária. Um bocado por imitação do meu irmão mais velho, eu era valente, forte, orgulhosamente forte, aliás... demasiadamente orgulhosamente forte! Fazia questão que todos pudessem ‘apreciar’ como eu era forte e enfrentava fosse quem fosse. Provocava toda a gente, geralmente em defesa dos fracos e oprimidos, mas na esperança de poder exercer os meus dotes bélicos e ser por tal muito admirada. Como eu adorava rebolar no chão toda desfraldada, despenteada a espumar da boca, com as bochechas e as orelhas a ferver de raiva, a bater descontroladamente, cega, imune à dor! Toda a gente a olhar e eu sem dar parte fraca por muito que fosse, por vezes, indiscutivelmente mais fraca, nunca fugia, nunca parava de bater ou de tentar.

Sempre me tinha sentido muito orgulhosa do meu passado heróico até agora quando descobri (a pólvora!) que eu não era em nada diferente dos parvalhões que ganham a noite a armar cenas de pancadaria nas discotecas, o que eu sempre achei no mínimo absurdo. Como é que alguém se podia divertir a provocar deliberadamente situações conflituosas deixando pouca margem para uma resolução sensata, pacífica e civilizada! Os heróis da noite! Ridículos! Eu fazia isso na 2ª classe, na 3ª classe, na 4ª classe, no 1º ano, no… Que ridícula eu devia ser! Nem sei como é que fiquei com tão bons amigos do colégio!

E como é que alguém pode mudar tão profundamente de opinião sem se aperceber durante mais de 15 anos? (17 de Janeiro de 2005 18:45)

Só mais um dia não…


Hoje tirei o dia para ficar triste! Não sei porquê! Tenho vontade de dizer que é tão frequente que já nem questiono, ou que a frequência com que isto acontece é inversamente proporcional ao tempo que dedico a pensar sobre o assunto. Ficava bem, mas não é verdade. A verdade é que apesar de ser assim há algum tempo, só há pouco comecei a questionar-me. E ainda não encontrei resposta!

Sei muito bem o que precisava para tapar o dia com aquele conforto de ter feito alguma coisa útil. Tenho o quarto para arrumar; papeis, tantos papeis, tantos meses de descontrolo, para organizar; as minhas fieis amigas para levar ao vet porque não dei o desparasitante a tempo e horas e agora têm de fazer um exame (que só custa para aí 100 €!) antes de voltarem a puder tomá-lo; tenho de encontrar os apontamentos de Conservação da Água e do Solo, ou do Solo e da Água, sei lá, para começar a preparar-me para o exame que é só lá para Janeiro mas eu acho que não posso chumbar mais porque o curso mudou o currículo e esta disciplina já nem existe há 1 ou 2 anos, ou 3; quero também comprar pastas para organizar os folhetos e livros de percursos e turismo porque tenho tudo enfiado dentro de um caixote e quando vou a algum lado não consigo sequer pensar em ir lá procurar “aquele mapa” ou “aquele folheto” que eu sei que tenho mas assim é como se não tivesse... Se tivesse ido comprar estas pastas sei que até teria gostado: sair, ir até ao Officecenter, voltar para casa com as pastas que precisava e mais uma batelada de coisas que nem por isso, e perder-me por Portugal, revivendo aqueles sítios onde já estive, sonhando com as paisagens que ainda não explorei, mergulhando nos lagos, praias, rios de Norte a Sul, ou seguindo viagem até Espanha, ou até às ilhas e chegar ao fim do dia satisfeita com o cumprimento de uma pequena missão. Mas não! E agora que finalmente penso sobre o assunto não sei a causa de tanta estupidez, masoquismo ou o que lá raio isto é! Começa por uma enorme falta de energia ou ânimo para fazer seja o que for e por me sentir totalmente perdida. Depois a conclusão que se não lutar contra e tentar fazer alguma coisa, vou passar um dia e uma noite horríveis, a agonizar, a martirizar-me, a culpar-me, etc e vou ter de viver o resto da vida com menos um dia de felicidade e mais um dia de sofrimento, logo eu, que já gastei tantos dias assim, e ainda por cima estou perfeitamente consciente que a culpa é minha e que podia ter mudado as coisas e não mudei! Por fim a entrega ao sofrimento, a desistência e a confirmação da sina. Sou mesmo a loura da anedota que exclama que vai cair ao ver a casca de banana no chão! O pior é que as pessoas que me rodeiam dizem que sou uma pessoa inteligente. Como!? Passei mais de ¼ de século sem saber o que era pensar e agora que penso alguma coisa dá-me para isto! Rica inteligência a minha!


Estou sempre a adiar tudo o que é preciso ser feito! O meu quarto, por exemplo… depois das obras que me deram um quarto com o tamanho digno do nome e ainda mais algum espaço e uma casa-de-banho, ainda só passou um ano e o caos já o ocupou há alguns meses. Decidi que o arrumaria em Setembro, quando voltasse dos Açores e estivesse ainda de férias do Curso de Empresários Agrícolas, vulgo jovens agricultores, que estou a tirar no Cadaval e que me serviu de escudo por não ter entregue, mais uma vez, o trabalho de Projecto IV do meu curso a sério: Arquitectura Paisagista. É certo que ainda estamos só a 30 de Agosto, ainda não entrámos oficialmente em Setembro, mas sinto já como minha obrigação arrumar o quarto. Não é que tenha sido algum déspota a impor-me uma vontade absurda, não!…eu é que não gosto de viver no meio desta confusão! É tão pouco harmonioso, causa mal-estar, oprime a sensualidade, o erotismo e não me ajuda em nada a confiar em mim própria e arrumar o que me vai na mona! E como eu precisava de arrumar as coisas aqui em cima! O Tico e o Teco e os macaquinhos e os complexos de inferioridade e os acessos de narcisismo e a sensação de ridículo que me provocam e a impotência que sinto para ir em frente e a tristeza que sinto o tempo quase todo e a estupidez, masoquismo ou o que lá raio isto é!


Quando viro as costas ao Sol as coisas não vão nada bem! E assim hoje à tarde, apesar do fantástico dia de Verão que está, enfiei-me na cama a ler “Nas margens do rio Piedra eu sentei e chorei” (óptimo para o meu estado de espírito, devo dizer!) e a pensar como devia mudar e devia mudar e devia mudar. Lindo! Era só o que precisava! O “exercício do Outro”. Como eu queria afogar esta pessoa em que me tornei e deixar viver a criança em mim. É muito fácil perdermo-nos nas estórias de Paulo Coelho em que parece possível voltarmos a ser crianças, seguirmos os nossos sonhos e esperar que o Universo conspire a nosso favor e nos traga o pão nosso de cada dia e uma máquina digital também, claro, para podermos gravar os instantes mágicos no computador portátil! Mas e se for verdade? Se eu agora de um momento para o outro seguisse o meu sonho e abandonasse esta vida em que me suicidei. Como era bom correr o Mundo sem medo à procura… à procura do quê mesmo?... eu não tenho nenhum sonho! Não há nada que eu deseje desesperadamente, além de um ou outro bacano, de vez em quando… Estou entalada! Não tenho como fugir de mim própria!

Adiante… O meu avô pediu-me para eu ir ao Cadaval orientar as limpezas da Quinta para puder instalar-me lá nestes últimos 3 meses do curso. Mas será que ninguém percebe que eu não tenho tempo! Já tinha tantas coisas para fazer… À conta deste pedido acho que vou ter mais um dia não! (30 de Agosto de 2004 19:31)

...expressões trocadas

...o caso dos sarilhos (tradução... o cabo dos trabalhos! Note-se como consegui aplicar correctamente o o e o dos!)

200

Descíamos a recta do Ramalhão[1] a 200[2] pelo meio dos carros[3] e eu amava-o. Amava aquela sensação. E precisava dele para vivê-la. Precisava desesperadamente.


“Quando for grande quero ter uma fábrica de pastilhas elásticas” dizia-me ele com 16 anos como se ainda tivesse 5… e eu amava-o! Com 14, eu ainda não sabia que já havia chegado a altura de seguir, de nos fazermos ao caminho… Já alguns comboios tinha perdido quando comecei a descobrir.


Ao fim de 2 anos e meio ele roubava gasolina dos carros e eu achava aceitável; fechava-se no quarto com um amigo que se drogava e eu acreditava que ele não cheirasse; cheguei a saber que roubou o Arai[4] ao pai e eu mesmo assim não conseguia perceber nada! Também não percebia nada quando ele ficava a dormir em casa da Marta, com quem estava sempre aos beijinhos no pescoço e a fazer cócegas e quando ia só com ela ao 100%[5] que já foi Louvre que já tinha sido KWA!


Foi preciso muito para conseguir perceber algumas coisas. Foi preciso ele falhar muito comigo para eu começar a abrir os olhos. Foi preciso encontrar as cartas da Marta, denunciando a dupla traição: o meu namorado e a minha amiga! Aquele namorado em quem pensava dia e noite, literalmente! O meu primeiro amor! Por quem enfrentava o Mundo, o meu Mundo, que estava sabiamente contra nós. Para o encontrar percorria a noite sozinha; para o receber abria a janela do meu quarto; para o amar invadi fábricas abandonadas, descampados, antigas instalações pecuárias… O desejo que sentia tornava qualquer lugar num hotel de charme e qualquer chão na mais confortável das camas! Foi preciso muito para conseguir perceber que ele não prestava.


Agora até já se casaram. Fui lá vê-lo no outro dia, ao 31 da Armada[6] onde trabalha quase desde que acabámos, há mais de 10 anos. Estava com o meu namorado no aniversário da ex-namorada dele e resolvi ir dizer-lhe um olá (doce vingança! O destino tem destas coisas… ). Calhou ser a véspera do casamento dele com a Marta! Foi mesmo assim! Se tivesse ido lá no dia seguinte provavelmente não estaria lá! Digo provavelmente porque até admito a hipótese de o ver lá a trabalhar no dia do casamento, já que estava a trabalhar na véspera, estranho, não é? Mais a mais sendo genro do patrão (só podia ser o sogro para lhe dar trabalho… já nem o pai se mexe por ele!).


Não estava lá a Marta. Há alguns anos atrás, quando eu tive um jantar de caloiros e fui lá dar-lhe um beijinho e saber novidades, a Marta estava lá e ficou tão branca e assustada quando lhe disse “olá Marta!” que parecia que ia desfalecer e devagar, muito devagar (não fosse eu perceber!), virou-se e subiu as escadas do fundo. Desta vez estavam lá a Marina e a Mariana, as irmãs dele, que eu confesso que gostei muito mais de ver apesar de ainda ter as minhas contas a acertar com a Marta! Um dia ainda a apanho… ”desArmada”[7]… e quando esse dia chegar vou poder finalmente encerrar esta estória… vou poder finalmente agradecer-lhe! (4 de Agosto de 2004 13:03)

[1] À saída de Sintra para o Estoril ou Cascais.
[2] 200 Km/h.
[3] Íamos de mota!
[4] É triste, mas tive de acrescentar mais esta legenda “a pedido de várias famílias”. Arai é uma das melhores marcas de capacetes. Quando se diz “o Arai” quer-se dizer “o capacete de marca Arai”. Bolas que é preciso explicar tudo!
[5] Antiga discoteca por baixo do antigo Hotel Paris, no Estoril (estou antiga!).
[6] Em Alcântara, bar de um lado, onde ele trabalhava, restaurante de outro, onde eu jantava.
[7] É um trocadilho… desarmada assim como quem diz sozinha, sem estar ali no 31 da Armada!