Estou em órbita. Quando me aproximo da Terra vejo a vida, as pessoas, tudo a acontecer... na Terra. Tenho inveja. Também quero viver. Queria chegar à Terra. Não sei como.Pensava que depois de acabar o meu trabalho final tudo seria diferente. Queria conseguir depositar uma esperança, por leve que fosse, que com a apresentação e com o oficializar do ter acabado o curso me vou sentir melhor, mas não dá! Não tenho esperança nenhuma. Nenhuma.
Arrasto-me para casa depois de ter ido andar de patins... tinha esperança que o exercício físico me desse um novo alento, mas já nem isso funciona. Choro pelo caminho. Passo a passo. E imagino que alguém me vai ver e salvar. Um carro pára... faz marcha atrás. Viram-me! Mas o carro estava só a fazer inversão de marcha... e eu não existo.
É Sábado e não tenho ninguém com quem jantar ou ver um filme ou sair. Sim... tenho amigos mas nenhum me convidou para nada e aqueles a quem telefonei tinham outros planos. Família? Um doce veneno! Não posso continuar a correr para as saias da mãe... Já vivi anos demais ao colo dela e percebi finalmente que este colo, sempre disponível, é um poço sem fundo, de onde é muito difícil sair. Caí lá pelo Natal e ainda estou a tentar escalar as paredes escorregadias. Não tenho mais forças. Vou agarrar-me por aqui à espera que alguém me ajude a subir mais um bocadinho. Acho que bastava ter alguém lá em cima a olhar por mim... mas olho e não vejo ninguém.
Comecei a registar livros no
BookCrossing.com e deixá-los "esquecidos" por aí. Queria sentir-me parte do Mundo. Ainda não houve nenhuma resposta.
E, apesar de estar há 2 semanas a portar-me bem, não consigo emagrecer.
E não há neve!