enquanto eu não volto...

abandono o meu corpo devagar lamentando cada milésimo de segundo... alguém cuidará dele enquanto eu não volto?

domingo, dezembro 18, 2005

Coisas boas

Chegámos a um ponto em que eu só te dou coisas más e exijo coisas boas... dou-te lágrimas, amuos e palavras que te sufocam e queria que tu me desejasses em troca. Que estúpida! O pior é que não tenho coisas boas para ti agora. Não tenho como inverter as coisas. Como disseste... não faz sentido andar atrás de ti a exigir que gostes mais de mim, que me olhes desta ou daquela maneira. Pois não faz sentido nenhum. Só que há algumas pessoas que querem prolongar coisas boas. As nossas acabaram.

Cara de fim-de-semana

Procuro nos teus olhos aquele brilho a que me habituaste. Quando estava contigo o Mundo reflectia esse brilho e ficava mais luminoso. A semana avança... as semanas passam... mas há sempre a esperança do novo fim-de-semana. É então que a desilusão vem adormecer-me os músculos do corpo, a frustração franze-me a testa em caretas tristes e feias... vou procurar o que fazer para sair de ao pé de ti, onde cada instante me confronta com a tua distração... enquanto eu espero atracção.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

A serra é minha!

Já lá vão uns poucos anos que pela primeira vez enfrentei o nevoeiro, as silvas, o tojo e o carrasco e com as minhas fieis amigas entrei serra adentro, perdendo-me para me encontrar, levando-me à exaustão para deixar novas energias me invadirem, temendo o desconhecido para me sentir vitoriosa de regresso a casa...

Já lá vão uns poucos anos que Sintra era minha.

Partilhava-a com os meus convidados e tolerava uns tantos malucos com quem me cruzava muito esporadicamente, como aqueles que uma vez desciam o trilho que eu subia e que provavelmente por andarem a fazer o mesmo que eu, tinham o mesmo cuidado que eu na escolha da idumentária o que fazia da dupla uma visão assustadora e traziam um cão com ar feroz (e terrivelmente despenteado!). Como ía a subir e já bastante cansanda estava a olhar para o chão e só reparei que se aproximava alguém quando as cadelas começaram a correr para cumprimentar aquele simpático grupo. Confesso que de repente fiquei um bocado assustada. Até há bem pouco tempo os meus passeios restringiam-se ao paredão (que na altura também ainda era meu... pelo menos à noite, quando ainda não estava iluminado e pouca gente se aventurava por lá mas mesmo o paredão à noite parecia menos assustador do que estar ali no meio do nada onde ninguém me poderia socorrer caso... bom... não vale a pena estar a imaginar cenários de terror, para isso já tenho os meus animados sonhos, aqui na vida real essas coisas não me vão acontecer! Afinal os tipos eram pessoas normais que me disseram boa tarde e seguiram caminho chamando o Pilas, o cão despenteado e farrusco que afinal era um pacholas.

Havia ainda aquele grupo de doidos alucinados que desciam (e ainda descem) a serra de bicicleta a abrir por trilhos por eles criados e desenhados, com rampas, e montes de coisas giras para os afixionados das brincadeiras com binas. Quem já se cruzou com tal grupo sabe que só se ouvem quando já estão relativamente perto e passam num abrir e fechar de olhos, como se tivessemos tido uma alucinação! Esses malucos, apesar do perigo que representam para as minhas cadelas, merecem especial admiração da minha parte.

Depois um ou outro ciclista isolado ou em grupos mais pequenos a circular pelos caminhos mais normais e a velocidades menos vertiginosas. Uns tantos jeeps e motas que por se ouvirem à distância dava para controlar as despassaradas das minhas cadelas que ainda não perceberam o que é que são bermas.

Embora descreva aqui uma grande variedade de aves raras com quem partilhava Sintra, podiam passar semanas e semanas em que não me cruzava com ninguém, se evitasse certos locais, claro! Preciso dizer que na altura eu era muito mais regular nestas andanças e estava lá 2-3xs por semana.

Agora porém não se pode ir a lado nenhum que não estejam lá já 2 ou 3 carros estacionados, bicicletas é aos magotes, famílias inteiras, grupos de pessoas a andar em percurso que já foram marcados sem que me perguntassem nada, invasores... INVASORES! A serra é minha, ouviram? Esses caminhos que vocês percorrem fui eu que os descobri! Muitas pernas esfoladas e arranhadas por desbravar esses caminhos que entretanto os gajos dos Serviços Florestais resolveram abrir. Violaram, rasgaram, devassaram a minha serra... Minha! Voltem para o shopping que fato de treino já não vos falta!

Até filmam aquela coisa da tropa com o José Castelo Branco num dos meus sítios... aquele sítio que por ser tão especial estava reservado a ocasiões solenes... tudo vedado!

Pronto! Já mandei vir! Continuo zangada mas pelos menos já desabafei!

domingo, dezembro 04, 2005

(algo me diz que vais ler isto tão cedo...)
Ó mori... já é uma da manhã... deixa a porcaria do computador e vamos dormir...

Bolas! Bolas! Bolas!

Nem consigo deixar comentários nos blogs dos meus amigos nem consigo postar aqui, estou a ver! Mas porque é que não tá a dar para deixar as minhas esclarecidas ideias acerca das ideias das outras pessoas? Aquela coisa do word verification... até já sei a porra da palavra de cor... smenita... e agora esta treta até apaga os meus posts? Vou tentar outra vez! (mas desta vez vou fazer um ctrl+c!)

Bolas! Bolas! Bolas!

sábado, dezembro 03, 2005

Confissão

Tenho uma confissão a fazer. É uma coisa difícil fazer esta confissão, se é que não são todas...
Lembrei-me duma coisa enquanto navegava entre os meus blogs preferidos. Foi no Café Desconcerto... a Little Arsonist postou sobre o Irreversible (a propósito... não consigo deixar lá comentários!) e eu lembrei-me do que este filme me fez sentir. Viram o Irreversible? Eu não consegui ver até ao fim... não. Fiquei muito mal disposta com tanta violência crua. Fiquei mais ou menos tão mal disposta como quando há ainda mais anos fui ao Palácio das Galveias ver uma exposição sobre os objectos de tortura usados durante a Inquisição. Revoltada da cabeça aos pés com especial destaque para o estômago. Como é que um pessoa, qualquer pessoa, é capaz de submeter outra pessoa a qualquer tipo de tortura? Mesmo face ao torturador, mesmo pensando que a besta mereceria pena igual, eu nunca seria capaz de lha impor... (sou contudo defensora da pena capital para comprovados criminosos).

- "...ah e tal porque o filme é bom... é um bocado pesado e violento mas é um grande filme..." Diz o gajo do videoclub que eu até tinha em grande estima... e a malta leva o filme para casa com um pacote de danocas (tão boas!).

- "E se fosses levar no cú?" Penso eu e logo arrependo-me porque levar no cú é uma coisa muito "desagradável" de se dizer no contexto Irreversible!

Irreversível é ver o filme. Mas, voltando à confissão...

Bolas... isto é mesmo difícil!

É que eu fiquei excitada com aquela merda daquela cena! Agora vejam bem... Eu! Nunca fiz deliberadamente mal a ninguém, faço até por não incomodar sequer a malta (exigências de namorada àparte, claro!), choro com qualquer porcaria comovente que me puserem à frente... sofro se vejo alguém sofrer (mesmo quando são os maus dos filmes, sem contar com mortos-vivos), sofro terrivelmente pelo sofrimento de qualquer animal (moscas e melgas não contam), e desde pequena sempre fui defensora dos fracos e oprimidos (sem nenhuma conotação política, que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!)... como é que eu explico a mim mesma que eu própria posso ter ficado excitada com aquilo que me estava a repugnar tanto? E estava de facto a repugnar-me tanto! Ficou uma confusão na minha já baralhada cabeça! Sou um monstro? Não sendo um mosntro como é que posso ter ficado excitada enquanto alguém sofria daquela maneira (escusam de dizer que aquilo era um filme porque eu envolvo-me mesmo com as cenas e então aquela que estava tão real, e além disso já tanta gente deve ter sido violada assim que não faz diferença ser ou não um filme!)?