enquanto eu não volto...

abandono o meu corpo devagar lamentando cada milésimo de segundo... alguém cuidará dele enquanto eu não volto?

sábado, dezembro 03, 2005

Confissão

Tenho uma confissão a fazer. É uma coisa difícil fazer esta confissão, se é que não são todas...
Lembrei-me duma coisa enquanto navegava entre os meus blogs preferidos. Foi no Café Desconcerto... a Little Arsonist postou sobre o Irreversible (a propósito... não consigo deixar lá comentários!) e eu lembrei-me do que este filme me fez sentir. Viram o Irreversible? Eu não consegui ver até ao fim... não. Fiquei muito mal disposta com tanta violência crua. Fiquei mais ou menos tão mal disposta como quando há ainda mais anos fui ao Palácio das Galveias ver uma exposição sobre os objectos de tortura usados durante a Inquisição. Revoltada da cabeça aos pés com especial destaque para o estômago. Como é que um pessoa, qualquer pessoa, é capaz de submeter outra pessoa a qualquer tipo de tortura? Mesmo face ao torturador, mesmo pensando que a besta mereceria pena igual, eu nunca seria capaz de lha impor... (sou contudo defensora da pena capital para comprovados criminosos).

- "...ah e tal porque o filme é bom... é um bocado pesado e violento mas é um grande filme..." Diz o gajo do videoclub que eu até tinha em grande estima... e a malta leva o filme para casa com um pacote de danocas (tão boas!).

- "E se fosses levar no cú?" Penso eu e logo arrependo-me porque levar no cú é uma coisa muito "desagradável" de se dizer no contexto Irreversible!

Irreversível é ver o filme. Mas, voltando à confissão...

Bolas... isto é mesmo difícil!

É que eu fiquei excitada com aquela merda daquela cena! Agora vejam bem... Eu! Nunca fiz deliberadamente mal a ninguém, faço até por não incomodar sequer a malta (exigências de namorada àparte, claro!), choro com qualquer porcaria comovente que me puserem à frente... sofro se vejo alguém sofrer (mesmo quando são os maus dos filmes, sem contar com mortos-vivos), sofro terrivelmente pelo sofrimento de qualquer animal (moscas e melgas não contam), e desde pequena sempre fui defensora dos fracos e oprimidos (sem nenhuma conotação política, que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!)... como é que eu explico a mim mesma que eu própria posso ter ficado excitada com aquilo que me estava a repugnar tanto? E estava de facto a repugnar-me tanto! Ficou uma confusão na minha já baralhada cabeça! Sou um monstro? Não sendo um mosntro como é que posso ter ficado excitada enquanto alguém sofria daquela maneira (escusam de dizer que aquilo era um filme porque eu envolvo-me mesmo com as cenas e então aquela que estava tão real, e além disso já tanta gente deve ter sido violada assim que não faz diferença ser ou não um filme!)?

6 Comments:

  • At quarta-feira, dezembro 07, 2005 12:05:00 da manhã, Blogger bonifaceo said…

    Já li o post no café, nunca vi o filme e nem sei se hei-de querer ver, não sou muito de filmes baseados em histórias verídicas, por exemplo, não sei se é o caso, e já agora acho que não sei responder à tua pergunta.

     
  • At domingo, dezembro 11, 2005 2:57:00 da tarde, Blogger Sonia Almeida said…

    não me parece que isso queira dizer que és um monstro. apena há alturas em que certas posturas sem defesa nos deixamm excitadas, porque são contrárias a todo o nosso dia a dia, tão controlado e regrado. acho que é mais por aí que o nosso corpo toma essas reações, como uma rebeldia ao que a nossa cabeça instituiu.
    mas o filme estava muito bem feito, e muito bem construido. ia ficando mais leve À medida que passava, já que eram 24h na vida daquela mulher a andar para trás, daí o nome irreversivel, porque tudo o que viamos não poderia ter acontecido doutra maneira.
    beijinhos

     
  • At terça-feira, dezembro 13, 2005 11:17:00 da tarde, Blogger a said…

    desculpem pelo atraso a responder... obrigada pelos vossos comentários.

    boni... mais um beijinho para ti!

    sonia... espero que tenhas razão... obrigada e um beijinho para ti tb!

     
  • At terça-feira, dezembro 13, 2005 11:18:00 da tarde, Blogger a said…

    sonia... ainda vou tentar ver o resto do filme... beijinhos

     
  • At sexta-feira, julho 03, 2009 3:17:00 da tarde, Anonymous gringa@live.com.pt said…

    O filme "Irreversible" tem o ponto alto da carreira da Monica Bellucci e houve até, actrizes de renome que choraram ao ver a cena de violação, considerada a mais violenta da história do cinema.
    Não és a única a sentir-te assim. Eu já revi esta cena muitas vezes e tento entender porque me sinto excitada com o domínio violento e extremo de um homem sobre uma mulher.
    Mas isso teria que remontar a uma série de outras questões bem mais obscuras.
    Não te perguntes, não te repugnes.
    No mais ínfimo de tudo e crú, sem o acasalamento a espécie não continua. A mulher tem que ser usada pelo homem e na pré-história, de onde todos derivamos, não havia beijinhos nem miminhos nem carinho.
    O que nos leva a sentir algum tipo de empatia com a brutalidade da cena em si é o instinto básico.
    A essência de se ser verdadeiramente feminina é, no final da linha, agradar e atraír um homem.
    Tudo isto segue a filosofia Gorean, dos livros de fantasia de John Norman e sei que muitos de vocês poderão estar chocados... Mas enfim, cada um tem direito à sua opinião. Mas lá que encaixa, encaixa...

    "I moaned. I did not want polite love. I wanted to know that I ws in the hands of a man who was capable of being excited, and who I excited, who found me truly marvelous, to whose fury of power I appeared whose fiece and voracious appetitles I triggered. I wanted to be in the arms of a true man. I did not want to be possibly mistaken about whether I had been had or not. I did not want to be touched as though I might break. I did not wish to be in danger of drowsing off during the making of love. I wanted him to own and master me, and whip me if I was not pleasing."
    Dancer of Gor, page 250

    MM

     
  • At sexta-feira, julho 03, 2009 3:25:00 da tarde, Anonymous gringa@live.com.pt said…

    E do ponto de vista do homem de Gor seria assim:

    "One of the great pleasures in the Master, increasing the sense of it's joy and power, is forcing the female to experience, at your will and convenience, incredible pleasures, carrying her up and down, and through, a series of slave orgasms, making her more and more helpless, until she is irremediably yours, lost in the throes of her submission ecstacies."
    Vagabonds of Gor, page 357

    "Masculinity and femininity are complementary properties," I told her. "If a man wishes a woman to be more feminine, he must be more masculine. If a woman wishes a man to be more masculine, she must be more feminine."
    Explorers of Gor, page 205

     

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