Morte. Até aqui a morte passava-se num curto momento. Agora está-se vivo, agora já não. Um momento claro, um momento declarado. Foi assim com o meu pai. O merceeiro chegou e disse: "O seu pai morreu." Pronto. E num momento eu vivi a morte do meu pai. Instantânea.
Hoje conheço outra morte. Arrastada. O corpo a definhar de dia para dia e a luz a esbater-se dos olhos de quem nós amamos. A minha avó morreu e uma nova morte nasceu para mim. Uma morte dolorosa e demorada que me ensinou a dar o devido peso ao pesar. Então entra o velho
cliche "não há palavras..." e não há, quem sabe, sabe e pronto.
Hoje sou mais rica. Já não quero enriquecer mais.