enquanto eu não volto...

abandono o meu corpo devagar lamentando cada milésimo de segundo... alguém cuidará dele enquanto eu não volto?

quarta-feira, julho 13, 2005

Maquinista

O passado chegou inesperadamente sem que o futuro que eu imaginava tivesse sido presente. Malditas férias! Estava tudo tão bem encaminhado… eu ardia por ti e tu retribuías, parecia-me… bem… pelo menos incentivavas, provocavas-me descaradamente e mostravas gostar do meu interesse por ti. Na altura não havia porque olhar para lá das labaredas, chegava-me o que me davas.

Um mês e tal depois já quase não há nada além da minha teimosia em achar que devia ter acontecido mais alguma coisa! “Quero ouvir-te gemer!” a tua voz rouca arranha as minhas costas e não me deixa sossegar… então e agora… já não queres? Porquê? Tenho pavor da resposta… espero que andes entretido com alguém mais aliciante e que ao menos não tenhas simplesmente perdido o interesse por mim. Que as coisas não iam durar entre nós já eu sabia e estava preparada para aceitar, mas não estava preparada para esta estranha sensação, o fantasma, a nuvem que se dissipou sem ter chegado a tomar forma. Eu também queria que tu me ouvisses gemer…ai se queria! Queria gemer e contorcer-me e sentir-te contorcer e gemer e sentir o pulsar do teu sémen a passar enquanto te viesses dentro de mim.

Se ao menos eu nunca tivesse provado o teu sabor, se nunca tivesse tocado a tua pele, se o teu cheiro nunca me tivesse embriagado… se eu nunca tivesse visto o que escondes tão mal aí no centro de ti… NÃO!... Ainda bem que provei, toquei, cheirei, vi e que vivi! Triste de mim se continuasse a pensar ter morrido! Graças a ti sei que estou bem viva. Tudo aqui dentro mexe e tem vontade própria. Agora só falta alguém para pôr outra vez a máquina em andamento. Pena não seres tu! (5 de Outubro de 2004)