enquanto eu não volto...

abandono o meu corpo devagar lamentando cada milésimo de segundo... alguém cuidará dele enquanto eu não volto?

sábado, outubro 15, 2005

Poluição mental<>extreme pureza

Às vezes não consigo pensar...
Não consigo mesmo pensar!
Quando não é o nevoeiro denso de ruído ensurdecedor é o bombardeamento...
os mil pensamentos por milésimo de segundo sem continuação...
e sem fim!
Como frases não acabadas vindas de todo o Mundo ao mesmo tempo...
sussurros desordenados e indecifráveis.

São as portas da minha vida... muitas vezes nem as vejo... ou aparecem à minha frente sem maçaneta e de repente... BUM! Só tenho portas em cada uma das direcções que olho... portas, portas, portas, portas,... todas iguais, à minha frente, à minha volta, em cima e em baixo, por dentro e por fora, tenho portas a sairem-me pelos poros da pele, pelo bafo da respiração, portas a dançar à minha volta. E fico ali em pânico a olhar para tanta porta e não consigo abrir nenhuma! Sento-me e choro e espero. Peço socorro. Mas a resposta vem em forma de mais portas...

Depois passa e volta o nevoeiro... perfiro o nevoeiro... é mais calmo, só que o nevoeiro é um potente acelerador do Tempo. Quando o nevoeiro se instala tudo acontece à minha volta e eu vivo em câmara lenta. O Tempo deixou-me para trás. Bela Adormecida! O príncipe chega e beija-me e eu até me levanto, mas é tarde... a minha vida não me acompanha. A minha alma não sobreviveu ao nevoeiro.

(eheh... quando ando no meio do nevoeiro fico com uma mente tão pura, tão pura, que é um autêntico balde de água destilada!)